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sexta-feira, 4 de agosto de 2006

O discurso poético de Estamira

Estamira
Vale muito a pena assistir este documentário. Eu adorei e acheio-o bem ousado, acho que a obra consegue dar vida e criatividade ao documentário brasileiro.
Segue matéria no site do Festival do Rio.
Enquanto fazia um trabalho fotográfico no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense, o produtor, diretor e fotógrafo carioca Marcos Prado encontrou uma pérola: Estamira, 63 anos de idade.
Ela trabalha no lixão há mais de duas décadas e há muitos anos sofre de esquizofrenia, mas nem por isso deixa de ter fortes opiniões a respeito das pessoas, de Deus e até da política internacional. Além disso, ela lidera a pequena comunidade onde vive, formada por velhos que habitam o lixão. "A Minha missão, além de ser a Estamira, é mostrar a verdade e capturar a mentira (...) Você é comum. Eu não sou comum. (...) Eu sou a visão de cada um. Ninguém pode viver sem mim, sem a Estamira", afirma.

Deste encontro inesperado surgiu o documentário Estamira, onde Marcos Prado acompanhou, durante três anos, a vida desta mulher que sobrevive no lixo da civilização. Desde 2000, ela começou a se tratar em um centro psiquiátrico. O filme mostra suas idéias e sua transformação a partir dos efeitos dos remédios.

Com um discurso eloqüente, filosófico e poético, ela consegue superar sua condição miserável para por em questão os valores perdidos da sociedade. "Às vezes é só resto. Mas, às vezes também vem descuido. (...) Economizar as coisas é maravilhoso, pois quem economiza as coisas tem. Quem não tem sofre.", disse Estamira, sobre o lixo.
No filme, Estamira também aborda questões contemporâneas. Ela defende que os EUA não são nossos inimigos e diz que adora Osama Bin Laden. O que a tira do sério mesmo é a idéia de Deus. O que gera brigas, inclusive com um de seus filhos, que é religioso, e com os netos. Mas, como filosofa a própria "A criação é toda abstrata. A água é abstrata (...), o fogo é abstrato. A Estamira também é abstrata".

O diretor Marcos Prado, de 43 anos, foi produtor de Ônibus 174, de José Padilha, (vencedor do prêmio da crítica no Festival do Rio de 2002) e de Os carvoeiros, de Nigel Noble Brasil, inspirado em seu premiado ensaio fotográfico e selecionado para o Sundance Film Festival. (Dominique Valansi).
SALAS E HORÁRIOS

Cine Bombril - Sala 2 14h 16h10 19h30 exceto segunda 21h50 exceto segunda

Unibanco Arteplex Frei Caneca - Sala 8 14h 19h 21h30 exceto terça

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