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quinta-feira, 31 de agosto de 2006

A Hora da Estrela

Havia lido esta obra de Clarice Linspector quando estava na escola e lembro que tinha gostado muito. Depois de uns seis anos resolvi reler e gostei mais ainda.

Macabéa é uma jovem alagoana que mora no Rio de Janeiro, trabalha como datilógrafa e mora com mais quatro colegas em uma pensão, as quatro "Marias". Até aí o enredo se assemelha à situação de muitos nordestinos que migraram e migram até hoje para São Paulo e Rio de Janeiro. Mas, a autora com a simplicidade de seu raciocínio e sua ironia atinge tal profundidade que nos escancara uma realidade dura como o solo seco do sertão: uma jovem pobre, que mal tem o que comer, desprezada pela sociedade, a qual poderíamos esbarrar a qualquer momento na rua, mas que preserva em seu ser uma felicidade sem motivos.
Muito diferente da sociedade consumista e movida pela ambição, das pessoas egoístas e mesquinhas, Macabéa nem ao menos sabe qual seu papel nesse mundo cruel, ela nem ao menos sabe que o mundo é tão cruel.
A história toda é contada por um narrador - que na realidade representa Clarice-, ele é parte integrante da obra e conforme escreve, vai se envolvendo com a nordestina, comove-se e até mesmo se apaixona pela moça, que é sempre desprezada por ser tão sem graça e feia.
Mesmo quando Macabéa começa a namorar com Olímpico, que tem anseios de grandeza e sonha em ser político, ela ainda assim não é amada, não é correspondida, sua simplicidade não é benquista, sua falta de conhecimento e sua curiosidade são coisas que irritam seu parceiro, que finge ser inteligente. Ela é mais um ser humano invísivel na cidade de pedras, onde preferimos desprezar do que ensinar ou dar atenção.
O livro tão curto, com linguagem e enredo tão simples, deveria ser obra indispensável à todos. Fica a dica para quem está procurando o que ler.
Sai da frente da TV é vá ler um livro!!

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