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sexta-feira, 17 de novembro de 2006

O estado físico altera a percepção visual e cinematográfica.

Não sei se o fato de ter dormido duas horas, acordado às sete e ido para a aula de direção audiovisual e ter assistido vários trechos de filme por três horas, fez-me estar cansada demais para não ter gostado de A Audiência vai começar. Enfim, o tema é muito bom, porém não gostei das imagens e da edição.

O documentário de Vicenzo Marra explora os bastidores da justiça italiana. Ele acompanha o dia-a-dia de trabalho de um juiz da corte de apelação de 70 anos, de sua assistente Elena de 45 anos e do mais importante advogado criminalista de Nápoles. Todos trabalham juntos para resolver o processo envolvendo a Camorra, a organização mafiosa que atua na cidade de Nápoles.

A polêmica surge quando vemos que a Justiça é motivo de chacota no mundo todo, seja no Brasil ou no primeiro mundo, a grande diferença é que os italianos estão mais bem educados e instruídos para agir. Há cenas memoráveis, quando o juiz está se vestindo para entrar na corte e diz que, pelo menos precisaria estar fisicamente bem, já que na prática a justiça não funciona. Ou quando sua assistente precisa de um telefone e pergunta para a secretária onde está e ela aponta para a parede que está lotada de telefones e nomes, como uma agenda telefônica.

Eu acho que o que causou estranheza foram as imagens e a construção cansativa, já que a maioria das entrevistas acompanhavam os personagens em seus carros rumo ao tribunal e era praticamente o mesmo enquadramento o tempo todo. Além disso, os planos estáticos que acompanhavam a gravação dos julgamentos ficou monótono.

Vincenzo Marra nasceu em Nápoles, Itália, em 1972. Enquanto estudava Direito na Rome’s Sapienza University, tinha interesse pela Argentina, especialmente pelos casos jurídicos envolvendo italianos desaparecidos naquele país. Ele também atuou como fotógrafo esportivo. No fim dos anos 1990, escreveu e dirigiu dois curtas-metragens, Una Rosa Prego e La Vestizione. Seu primeiro longa, Voltando para Casa (2001), integrou a seleção da 25ª Mostra e ganhou cinco prêmios no Festival de Veneza 2001. No mesmo ano, concluiu o documentário Estranei alla Massa. Voltou à ficção em 2004, com Vento di Terra, que conquistou o prêmio da imprensa estrangeira no Festival de Veneza e foi o melhor filme no Festival de Gijón. Concluiu o documentário 58% em 2005.

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