Amor à arte e aos momentos belos da vida

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Estrela Solitária (Win Wenders)

Um western moderno, em que o personagem principal está em crise de identidade. O ator cowboy, Howard Spence (Sam Shepard), depois de ter uma vida de muita curtição, regada à álcool, drogas e mulheres, foge do set de filmagem de seu último longa metragem e cai no mundo. Porém, seus caminhos ainda são muito tortuosos e confusos. A solução encontrada no turbilhão de sua mente é voltar ao ventre materno, 30 anos depois de ter deixado a família para se tornar ator.
Não é a proximidade com sua mãe que o faz obter respostas, ou busca-las, mas a notícia de que há 20 anos uma mulher ligou na casa de sua mãe e a informou de que ela teria um neto.
É a partir daí, que Howard inicia uma reviravolta em seus sentimentos, e repentinamente parte em busca do filho.
Chegando à cidade onde supostamente estaria seu primogênito, uma garota misteriosa que carrega as cinzas da mãe aparece na trama. É então que percebemos uma característica peculiar que acompanha o cowboy, um certo tipo de aversão às pessoas, um medo inexplicável da proximidade, do contato sentimental, uma solidão particular.
O encontro com o filho,- após descobrir sua identidade por meio de seu antigo amor, Doreen (Jessica Lange) -, é um tanto explosivo. O filho, que é cantor, revolta-se com a notícia de que aquele era seu pai e fica agressivo, uma fúria incontrolável com o mundo e com os que estão à sua volta, domina-o. Como ambos são “cabeças-quentes”, tal pai, tal filho, acabam indo cada um para seu lado, mais revoltados do que antes.
A garota misteriosa, com face, cabelos e jeito angelical é o ponto de equilíbrio desse vendaval. Ela vive aparecendo em momentos oportunos com soluções e as frases certas a serem ditas. Ela nunca abandona as cinzas, as quais trouxe à terra natal da mãe, já que ela sempre lembrava com muito carinho da cidade onde viveu.
É então, que sem que ela diga, descobrimos que a moça angelical é também filha do cowboy. Isto é uma total turbulência de emoções, já que ela esboça uma personalidade oposta à do meio irmão e à do pai, seres furiosos com o mundo.
Esta história belíssima e simples, fervilha e aflora diversos sentimentos a cada cena e o que impulsiona ainda mais isto, é a maravilhosa trilha sonora.
Estrela Solitária é a busca do ser humano por sua essência em meio ao mundo moderno regado de pecados e delícias. É o solitário que não quer mais dias de uma amargura soturna, e sim está em busca do seu coletivo particular, de sua família. É um filme que mostra que nunca é tarde para recomeçar, para encontrar o amor de uma família, é a prova de que o conforto que ela traz é único e faz do homem, um ser humano privilegiado por poder acalmar as mazelas do mundo na tranqüilidade de um abraço, olhar ou palavras de amor.

O Homem Elefante (David Lynch)

Emoção, este é o sentimento que predomina em O Homem Elefante, de David Lynch. Os primeiros anseios são de estranheza, aflição e até medo, e a direção do filme exacerba estas emoções por meio de planos em fábricas antigas, lugares inóspitos e muitos barulhos, sons que até mesmo perturbam. Todas estas sensações são introduzidas antes de conhecermos, ou antes, que o médico Dr. Frederick Treves (Anthony Hopkins) conheça o desfigurado Homem Elefante.
A dor das deformações e atrofias do Homem Elefante, John Merrick, é usada como atração nos circos de aberrações e a curiosidade do público está no susto e no medo, mas também, na suavização por existir alguém que vive em condições piores do que a da população da Inglaterra no final do século XIX.
“As pessoas se assustam com aquilo que não compreendem. Para mim também é tão difícil entender, porque minha mãe era tão bonita”. (John Merrick)
A partir do instante em que o doutor Treves entra em contato com o Homem Elefante, passa-se para uma construção delicada de imagens, com músicas suaves e uma emoção pura que humaniza, ou seja, transforma o Homem Elefante em John Merrick, o ser humano. Sua inteligência, delicadeza e gentileza o fazem ser aceito socialmente, porém numa comunidade que preza valores supérfluos, John Merrrick deve se portar e também se vestir como um lorde inglês.
“Tento ser o mais gentil possível, quem sabe minha mãe não me aceite como sou” (John Merrick)
Porém, a contradição está em duas formas semelhantes de exploração, antes ele era uma atração de circo e agora após a tentativa do Dr. Treves de fazer sua inclusão social, Merrick torna-se uma atração hospitalar, aonde as pessoas vão visitá-lo, por ser algo que os faz ascender em seus estatutos sociais, não é uma aproximação humanista e sim curiosa, já que os jornais utilizaram a condição de John como algo de entretenimento e show business.
Treves que só queria ajuda-lo entra em contradições sentimentais particulares, mas o que mais nos toca é que Merrick é eternamente grato ao médico, que o fez pela primeira vez poder conversar e discutir coisas que sempre haviam ficado em seus pensamentos.
MT

Trechos "Cartas a Um Jovem Poeta"

“Nem tudo se pode saber ou dizer, como nos querem fazer acreditar. Quase tudo o que se sucede é inexprimível e decorre num espaço que a palavra jamais alcançou”.

“Só existe um caminho: penetre em si mesmo e procure a necessidade que o faz escrever. Observe se esta necessidade tem raízes nas profundezas do seu coração”. O cinema tem raízes no meu.

“Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse, acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas. Para o criado, nada é pobre”. Viu, será que sou poetiza? Adoro as coisas simples da vida e me surpreendo até com as folhas que caem ou a criança que sorri.

“Utilizada pura, a ironia também é pura e não nos envergonha”. Viu sempre fui irônica com o Cá, pq ele não gostava? A ironia não nos envergonha.

“O amor de um ser humano por outro, é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós. É por isso que os seres bastante novos não sabem amar e precisam aprender”. Viu, por isso, eu curti e curto minha vida, ainda estou aprendendo a amar..rs...
MT